Minibiografia
Letícia Mercier, nascida em Três Corações (MG) em 1988, é uma artista racializada residente da cidade de Niterói no Rio de Janeiro.
Graduada em “Artes: Figurino e Indumentária” pela faculdade SENAI/CETIQT, transitou por áreas do design de moda, figurino e indumentária, descobrindo-se profundamente na pintura autodidata como ferramenta de expressão pessoal e interior de se reconhecer no mundo.
Em 2013, iniciou sua pesquisa sobre a representatividade da mulher negra brasileira na arte e começou a formular a série de pinturas figurativas denominada “Ouro Negrx”, que comemora a subjetividade feminina racializada, o protagonismo, a potência existencial e a construção da persona urbana e globalizada.
Em 2018, desenvolveu paralelamente uma série de pinturas fluidas abstratas intitulada como “Estratosfera” que evocava paisagens do planeta Terra visto de cima e realizou exposições solo e coletivas em Niterói (BR), Rio de Janeiro (BR), São Paulo (BR), Veneza (IT) e Turim (IT).
Em 2019, realizou uma exposição mini solo com obras da série “Ouro Negrx” em Nova York (EUA) e participou de mostras de arte coletivas online durante a pandemia.
Em 2020, lançou um documentário chamado “Protagonismo feminino: sororidade e empoderamento” pela Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro e em 2021 foi co-curadora do Projeto Curadoria.
Declaração da artista
Como Artista visual sou constantemente impulsionada a buscar
profundidade de pesquisa e formas de expressão particulares para
debater, imprimir e posicionar ideias coletivas além da minha própria
existência no mundo.
Meu fazer artístico também é um processo de me reconhecer no outro,
de mergulhar na minha crueza e verdade enquanto mulher racializada,
de buscar minha Afro ancestralidade transmutada em memória poética,
de acolhimento coletivo da dor e cura, de abraço íntimo das relações
interpessoais que me envolvem e de trazer uma narrativa potente
externalizada em arte.
Essa autoanálise atrelada à rede psicossocial e ambiental que estou
inserida reflete na minha pintura autoral e depende de uma
desalienação e do desvelar de possibilidades para a criação de uma
linguagem visual autêntica.
Dessa forma, na arte figurativa me destaco como possibilidade e
ferramenta de transformação social e educativa por ter o
compromisso de dar voz às subjetividades antes oprimidas, de destacar
a unicidade e complexidade das vivências e existências, de transcender
a realidade – possibilitando assim a valorização e protagonismo – e de
criar um novo repositório imagético referencial na ótica racializada de
reparação histórica contemporânea.
No campo da abstração e experimentação visual busco me esvaziar e me
reconhecer no processo sutil de extravasamento sensível e
impermanente de cura, atravessada pela arte intuitiva e livre de
julgamentos e elaborações pré-estabelecidas.